Citações sobre o Cristianismo Budista e sua Importância:


Princípio da Fraternidade Universal É Muito Pouco Compreendido: É a Base Comum da Doutrina e da Prática do Budismo e do Cristianismo

“Quão pouco este princípio de Fraternidade Universal é compreendido pelas massas da espécie humana, e quão raramente sua importância transcendente é reconhecida, pode ser constatado pela diversidade de opiniões e interpretações fictícias referentes à Sociedade Teosófica. Esta Sociedade foi organizada com base neste único princípio, a Fraternidade Essencial da Humanidade, como aqui foi brevemente esboçado e imperfeitamente apresentado. Ela tem sido atacada como budista e anti-cristã, como se pudesse ser estas duas coisas ao mesmo tempo, já que tanto o budismo quanto o cristianismo, como apresentados por seus inspirados fundadores, fazem da fraternidade a essência da doutrina e da vida.” (Helena Blavatsky, citando J.D. Buck. A Chave para a Teosofia, p. 29)


A Falecida Dra. Anna Kingsford — Obituário (1)

“É com o mais profundo pesar que anunciamos neste mês a passagem deste mundo físico de alguém que, mais do que qualquer outra pessoa, auxiliou seus semelhantes em demonstrar o grande fato da existência consciente do Ego interior – e, por conseguinte, da sua imortalidade.

O campo de atividade da Sra. Kingsford, contudo, não se limitou ao plano da vida puramente física e mundana. Ela foi uma Teosofista e uma verdadeira Teosofista em seu coração; uma líder do pensamento espiritual e filosófico, dotada dos mais excepcionais atributos psíquicos. Em conjunto com o Sr. Edward Maitland, seu mais verdadeiro amigo – cujos cuidados incessantes indubitavelmente prolongaram por vários anos sua vida delicada e sempre ameaçada, e que recebeu seu último suspiro – ela escreveu várias obras tratando de temas metafísicos e místicos. A primeira e mais importante delas foi The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), que dá o significado esotérico do Cristianismo. Essa obra esclarece muitas das dificuldades que os leitores sérios da Bíblia enfrentam em seu esforço de compreender ou aceitar literalmente a história de Jesus Cristo conforme é apresentada nos Evangelhos.

Ela foi durante algum tempo Presidente da “Loja de Londres” da Sociedade Teosófica, e, após renunciar ao cargo, fundou a “Sociedade Hermética” para o estudo especial do misticismo cristão. Embora suas ideias religiosas tenham diferido amplamente em alguns pontos da filosofia do Oriente, ela permaneceu uma fiel associada da Sociedade Teosófica e uma leal amiga de seus líderes. (2) Era alguém cujas aspirações de toda a vida estiveram sempre voltadas para o eterno e o verdadeiro. Uma mística por natureza – e das místicas mais vigorosas para aqueles que a conheceram bem – ela era, ainda assim, uma mulher marcante mesmo na opinião dos materialistas e dos incrédulos. Além de sua face extraordinariamente fina e intelectualizada, havia nela aquilo que chama a atenção dos mais desatentos e alheios a qualquer especulação metafísica. A Sra. F. Fenwick Miller escreveu que o misticismo da Sra. Kingsford era “simplesmente ininteligível” para ela, porém isso não a impediu de perceber a verdade, uma vez que ela assim descreve sua falecida amiga: “Jamais conheci uma mulher tão extraordinariamente bela como ela, que cultivasse seu cérebro de forma tão intensa. (…) Nunca conheci uma mulher em quem a natureza dual, que é mais ou menos perceptível em todo criatura humana, fosse tão fortemente marcante – tão sensual, tão feminina de um lado, tão espiritualizada, tão imaginativa de outro”. (3)

A natureza espiritual e psíquica sempre predominou sobre a sensual e feminina; e o círculo de seus amigos com inclinações místicas sentirá muito sua falta, pois mulheres como ela não são numerosas num mesmo século. O mundo em geral perdeu na Sra. Kingsford alguém que não pode ser facilmente substituído nessa era de materialismo. Toda a sua vida adulta foi empregada para trabalhar inegoisticamente pelos demais, para a elevação do lado espiritual da humanidade. Podemos, contudo, ao lamentar sua morte, nos confortar com o pensamento de que o bom trabalho não pode ser perdido e nem morrer, ainda que o trabalhador não esteja mais entre nós para ver seus frutos. E o trabalho de Anna Kingsford ainda estará dando frutos mesmo quando sua memória tiver sido obliterada com a passagem da geração dos que a conheceram bem, e quando novas gerações tenham se aproximado mais dos mistérios psíquicos.” (4)

NOTAS
(1) Nota do Editor do Site Anna Kingsford: Esse obituário, The Late Mrs. Anna Kingsford, M.D. (A Falecida Dra. Anna Kingsford), foi publicado em H.P. Blavatsky Collected Writings (Obras Completas de H.P. Blavatsky), Vol. IX, pp. 89-91. TPH, Madras, Índia, 1962. 487 pp. E foi originalmente publicado na revista Lucifer, Vol. II, nº. 7, março de 1888, pp. 78-79.
(2) Nota original: Tanto o Sr. Maitland quanto a Sra. Kingsford desligaram-se da “Loja de Londres da Sociedade Teosófica”, mas não da Sociedade-Mãe.
(3) Nota do Compilador de H.P. Blavatsky Collected Writings: “Woman: Her Position and Her Prospects, Her Duties and Her Doings”, Lady’s Pictorial, Londres, 3 de março, 1888.
(4) Nota original: A afirmação feita por alguns jornais de que a Sra. Kingsford não confiou até o final na força psíquica, pois “morreu Católica Romana”, é totalmente falsa. As afirmações presunçosas feitas por R.C. no Weekly Register (3 e 10 de março de 1888) no sentido de que ela morreu no seio da Igreja, tendo abjurado de seus pontos de vista, de seu psiquismo, da teosofia, e até de seu livro The Perfect Way (O Caminho Perfeito) e de seus escritos em geral, foram vigorosamente refutadas no mesmo jornal por seu marido, o Rev. Algernon Kingsford e pelo Sr. Maitland. Lamentamos saber que seus últimos dias foram amargurados pela agonia mental infligida sobre ela por uma freira inescrupulosa, que, conforme nos declarou o Sr. Maitland, se apresentou falsamente como uma enfermeira – e nada mais fazia do que perturbar sua paciente – “importuná-la e rezar”. Que a Sra. Kingsford era totalmente contra a teologia da Igreja de Roma, embora acreditasse em doutrinas católicas, pode ser provado por uma de suas últimas cartas a mim enviada, tratando do “pobre caluniado São Satã”, em relação a certos ataques à denominação de nossa revista, Lúcifer. Preservamos esta e várias outras cartas, uma vez que foram todas escritas entre setembro de 1887 e janeiro de 1888. Elas são, assim, testemunhos eloquentes contra as alegações do Weekly Register. Pois provam que a Sra. Kingsford não abjurou seus pontos de vista nem morreu “na fidelidade da Igreja Católica”.

Afirmou Toynbee: Daqui a Mil Anos Chamará Atenção Aproximação do Cristianismo com o Budismo

“Faz alguns anos, Arnold Toynbee afirmou que quando o historiador de daqui a mil anos for escrever a história de nossa época, ele terá a sua atenção voltada não para a guerra do Vietnã, a disputa entre capitalismo e comunismo ou os distúrbios raciais, mas sim para o que terá sucedido quanto pela primeira vez o Cristianismo e o Budismo iniciaram um intercâmbio profundo. Essa observação é das mais interessantes, sendo a meu ver profundamente verdadeira.” (William Johnston. Cristianismo Zen, p. 5)


Algum Dia Distante se Tornará a Religião de Grandes Nações

“Sei que em algum dia ainda distante, agora, de fato, talvez muito remoto, a mensagem que nós pregamos em um canto se tornará a religião de grandes nações.” [Anna Kingsford. Addresses and Essays on Vegetarianism (Palestras e Ensaios sobre Vegetarianismo), p. 1]


Aprender com o Budismo: Minha Preocupação no Momento

“No que me diz respeito, minha principal preocupação no momento é a de aprender com o Budismo. Não posso deixar de sentir que o Cristianismo ocidental, como de resto o próprio Ocidente, necessita urgentemente de uma transfusão de sangue. Feliz ou infelizmente, chegamos ao esgotamento (…) e necessitamos de novas perspectivas. Assim como uma era inteiramente nova descortinou-se para o Cristianismo quando Santo Tomás promoveu a divulgação de Aristóteles no século XIII, assim também uma nova era, ainda mais grandiosa, poderia tornar-se possìvel através da assimilação de certas concepções e atitudes budistas.” (William Johnston, S.J., na obra Cristianismo Zen, p. 17. O autor dessa obra, jesuíta irlandês radicado no Japão, dirigiu o Instituto de Religiões Orientais da Universidade Sofia, em Tóquio. Para ele, conforme expõe nessa obra, a cooperação entre Oriente e Ocidente, através do Budismo, do Zen e do Cristianismo, é vital para os tempos que correm. Nesse aspecto o autor se une à mensagem da Dra. Anna Kingsford e Edward Maitland, ou seja, ao “Novo” Evangelho da Interpretação.)


Buda e Pitágoras, Moisés e Elias, Mente e Corpo, JesusCoração, Obras, Compreensão e Amor, Corpo, Mente e Coração

“Do mesmo modo que não fazia parte do projeto dos Evangelhos representar o percurso inteiro do Homem Regenerado, também não fazia parte desse projeto fornecer, no que diz respeito à vida e doutrina religiosa, um sistema integral e completo, independentemente dos que o antecederam.

Por ter uma relação especial com o Coração e o Espírito do Homem, e dessa forma com o núcleo da célula e com o Santo dos Santos do Tabernáculo, o Cristianismo, em sua concepção original, delegou a regeneração da Mente e do Corpo (…), ou o dualismo exterior do Microcosmo, a sistemas já existentes e amplamente conhecidos e praticados.

Esses sistemas eram dois em número, ou melhor, eram como dois modos ou expressões do sistema uno, cujo estabelecimento constituiu a “Mensagem” que antecedeu o Cristianismo pelo período cíclico de seiscentos anos. Esse sistema era a Mensagem na qual os “Anjos” estiveram representados em Gautama Buda e Pitágoras.

No caso desses dois profetas e redentores, praticamente contemporâneos, o sistema era, tanto na sua doutrina quanto na sua prática, essencialmente um e o mesmo. E suas relações com o sistema de Jesus, como seus necessários pioneiros e antecessores, encontram reconhecimento nos Evangelhos na alegoria da Transfiguração.

Os personagens que aparecem nesse evento – Moisés e Elias – são correspondentes hebraicos de Buda e de Pitágoras. E eles são descritos como tendo sido vistos pelos três apóstolos nos quais são representadas, respectivamente, as funções distintamente exercidas por Pitágoras, por Buda e por Jesus; ou seja, Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração.

E pela sua reunião no Monte está representada a união dos três elementos, e a complementação de todo o sistema abrangido pelos três por Jesus, como o representante do Coração ou daquilo que é Mais Interno, e, em um sentido especial, como o “amado Filho de Deus”.

O Cristianismo, então, foi introduzido no mundo com uma relação especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), pp. 249-251]


Buda (Incluindo Pitágoras) e Cristo são Necessários Um ao Outro: Formam Sistema Integral

“(…) não fazia parte desse projeto [do Cristianismo original] fornecer, no que diz respeito à vida e doutrina religiosa, um sistema integral e completo, independentemente dos que o antecederam.

(…) o Cristianismo, em sua concepção original, delegou a regeneração da Mente e do Corpo (…), ou o dualismo exterior do Microcosmo, a sistemas já existentes e amplamente conhecidos e praticados.

Esses sistemas eram dois em número, ou melhor, eram como dois modos ou expressões do sistema uno, cujo estabelecimento constituiu a “Mensagem” que antecedeu o Cristianismo pelo período cíclico de seiscentos anos. Esse sistema era a Mensagem na qual os “Anjos” estiveram representados em Gautama Buda e Pitágoras.

(…) suas relações com o sistema de Jesus, como seus necessários pioneiros e antecessores, encontram reconhecimento nos Evangelhos na alegoria da Transfiguração.

Os personagens que aparecem nesse evento – Moisés e Elias – são correspondentes hebraicos de Buda e de Pitágoras. Eles são descritos como vistos pelos três apóstolos nos quais são representadas, respectivamente, as funções distintamente exercidas por Pitágoras, por Buda e por Jesus; ou seja, Obras, Compreensão e Amor, ou Corpo, Mente e Coração. (…)

O Cristianismo, então, foi introduzido no mundo com uma relação especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente.

Buda e Jesus são, portanto, necessários um ao outro. E no sistema integral assim completa do Buda é a Mente e Jesus é o Coração; Buda é o geral, Jesus é o particular, Buda é o irmão do universo, Jesus é o irmão dos homens; Buda é a Filosofia, Jesus é a Religião; Buda é a Circunferência, Jesus é o Interno; Buda é o Sistema, Jesus é o ponto de Radiação; Buda é a Manifestação, Jesus é o Espírito; em síntese, Buda é o “Homem”, Jesus é a “Mulher”.

Se não fosse por Buda, não poderia ter havido Jesus, nem teria ele sido suficiente para atender ao homem integral; pois o homem deve ter a Mente iluminada antes de que as Afeições possam ser despertadas. Nem teria sido o Buda completo sem Jesus. Buda completou a regeneração da Mente; e por meio de sua doutrina e prática os homens são preparados para a graça que vem por meio de Jesus. Motivo pelo qual nenhum homem pode ser propriamente cristão, se não for também e primeiramente budista.

Assim, as duas religiões constituem, respectivamente, o aspecto exterior e o aspecto interior do mesmo Evangelho, os alicerces estando no Budismo – incluindo nesse termo o Pitagorismo – e a iluminação estando no Cristianismo. E da mesma forma que sem o Cristianismo o Budismo está incompleto, assim também o Cristianismo sem o Budismo é ininteligível.

(…) da união espiritual na fé una do Buda e do Cristo nascerá a redenção vindoura do mundo.

(…) Aqueles que buscam casar Buda a Jesus são do celestial e superior; e aqueles que se interpõem ou se objetam ao casamento são do astral e do inferior”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), p. 249-256]


Budismo e Cristianismo Partes de um Mesmo Evangelho

“Em resumo, não são dois Evangelhos, mas dois aspectos, o externo e o interno, de um mesmo Evangelho. Pois o Budismo encontra sua tradução e complementação no Cristianismo, e o Cristianismo encontra sua concepção e seu alicerce no Budismo”. (Bertram McCrie. A Verdade Viva no Cristianismo, pp. 26-27)


Budismo e Cristianismo Partes de um Todo Contínuo e Harmonioso

“O Cristianismo foi introduzido no mundo com uma relação especial com as grandes religiões do Oriente, e sob a mesma regência divina. E muito longe de ser concebido como um rival e suplantador do Budismo, ele era a direta e necessária continuação desse sistema. E os dois são apenas partes de um todo contínuo e harmonioso, no qual a parte que veio por último é somente o indispensável acréscimo e complemento da parte que veio anteriormente. (…)

Se não fosse por Buda, não poderia ter havido Jesus, nem teria ele sido suficiente para atender ao homem integral; pois o homem deve ter a Mente iluminada antes que as Afeições possam ser despertadas. Nem teria sido o Buda completo sem Jesus. Buda completou a regeneração da Mente; e por meio de sua doutrina e prática os homens são preparados para a graça que vem por meio de Jesus. Motivo pelo qual nenhum homem pode ser propriamente cristão, se não for também e primeiramente budista.

Assim, as duas religiões constituem, respectivamente, o aspecto exterior e o aspecto interior do mesmo Evangelho, os alicerces estando no Budismo – incluindo nesse termo o Pitagorianismo – e a iluminação estando no Cristianismo. E da mesma forma que sem o Cristianismo o Budismo está incompleto, assim também o Cristianismo sem o Budismo é ininteligível”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), pp. 250-251]


Doutrina de Buda: Regeneração Completa da Mente e Indispensável Precursora da Doutrina de Cristo

“Pois o fato é que a doutrina de Buda, com suas Quatro Nobres Verdades, e seu Nobre Óctuplo Caminho, sua ilimitada compaixão em relação a toda a vida senciente, seu lógico ensinamento ético de desenvolvimento através da conquista de si mesmo e da autocultura, sua simples e não obstante profunda análise do sofrimento e da tristeza com o método da libertação desses (…), sua regeneração completa da mente, seus elevados códigos de moralidade e padrão de tolerância, paz e caridade – essa doutrina é a indispensável precursora e intérprete da doutrina de Cristo”. (Bertram McCrie. A Verdade Viva no Cristianismo, p. 26)


Da Fé Una do Buda e do Cristo Nascerá a Redenção do Mundo

“Da união espiritual na fé una do Buda e do Cristo nascerá a esperada redenção do mundo”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Perfect Way; or, the Finding of Christ (O Caminho Perfeito; ou, a Descoberta de Cristo), p. 252]


Karma e Continuidade de Existências São Partes Integrantes do Budismo e do Cristianismo: Explicam Desigualdades e Desarmonias da Vida e a Justiça Divina

“É tão somente a doutrina do Karma e da continuidade das existências que explica as desigualdades e desarmonias da vida e que justifica a Justiça Divina. E, vista desse ponto de vista, a vida tem uma amplitude muito maior do que aquela que é compatível com a idéia de uma única existência, e que torna a alma independente da disciplina da experiência terrena, uma vez que tal experiência é completamente negada para um vasto número daqueles que morrem na infância. O fato de que as escrituras cristãs não reconheçam explicitamente essa doutrina não representa nenhum argumento contra o fato de que ela seja uma doutrina cristã. Essa doutrina já estava no mundo no Budismo; e o Cristianismo, como o complemento e o coroamento do Budismo, não tinha nenhuma necessidade de reiterá-la”. [Anna Kingsford e Edward Maitland. The Credo of Christendom (O Credo do Cristianismo), pp. 143-144]


Louvor aos Budas-Cristos

Maravilhosos e gloriosíssimos são todos os Budas-Cristos.
Não existe glória igual nem flores mais belas no mundo.
Ensinam-nos o caminho da Vida.
Saudamos sua proteção e inspiração com inebriado respeito.
Todos os Budas-Cristos ensinam a mesma Verdade.
A Verdade encaminha os extraviados.
A Verdade é a nossa esperança e o nosso sustentáculo.
Recebemos felizes e agradecidos a sua luz, que nada pode extinguir.
Todos os Budas-Cristos são da mesma essência.
A essência de todos os seres.
A essência que santifica os laços entre todas as almas.
E temos fé na (fides: fidelidade, sintonia com a) felicidade do supremo refúgio.
Om-Amém, Aum-Assim Seja! Paz a todos os seres!
(Adaptação de Arnaldo Sisson Filho, feita a partir de oração encontrada no final da obra O Evangelho de Buda, de Swami Abhedananda, p. 118)

Sacerdotalismo Intolerante com Demais Sistemas, Atitude Suicida entre Cristianismo e Budismo

“Agora, uma das mais deploráveis características do Sacerdotalismo é sua habitual intolerância a todas as outras formas de fé e sistemas religiosos, a despeito de sua antiguidade, autenticidade, semelhanças fundamentais e credibilidade.

O Sacerdotalismo não os vê como amigos, mas como rivais e inimigos; que não devem ser entendidos, apreciados e – ao menos em parte – assimilados, mas que devem ser ignorados, depreciados e contestados.

Essa atitude é justificada pelo Sacerdotalismo como sendo zelo por seus próprios princípios particulares, mas isso, na verdade, não é nada mais que intolerância nascida da ignorância.

Exatamente essa atitude em relação àquele sistema religioso em particular denominado de Budismo, que precedeu o advento do Cristianismo por cerca de cinco ou seis séculos, tem sido algo próximo de uma atitude suicida ao real sucesso do Cristianismo, tendo se provado desastrosa para sua capacidade de influenciar a todos, exceto aos ignorantes e elementares, aos preconceituosos e às classes conservadoras ainda dominadas pelo Sacerdotalismo.

Pois o fato é que a doutrina de Buda, com suas Quatro Nobres Verdades e seu Nobre Óctuplo Caminho, sua ilimitada compaixão em relação a toda a vida senciente, seu lógico ensinamento ético de desenvolvimento através da conquista de si mesmo e da autocultura, sua simples e não obstante profunda análise do sofrimento e da tristeza, com o método da libertação desses estando disponível a todos, sua regeneração completa da mente, seus elevados código de moralidade e padrão de tolerância, paz e caridade – essa doutrina é a indispensável precursora e intérprete da doutrina de Cristo. Em resumo, não são dois Evangelhos, mas dois aspectos, o externo e o interno, de um mesmo Evangelho. Pois o Budismo encontra sua tradução e complementação no Cristianismo, e o Cristianismo encontra sua concepção e seu alicerce no Budismo.

Visto dessa forma, o Cristianismo, como religião, assume a obra de aperfeiçoar o homem em seu coração, a partir daquele grau de regeneração parcial a que o Budismo, como filosofia, já o conduziu em sua mente; e assim o Cristianismo descreve e trata apenas dos estágios finais de todo o grande trabalho.

Se isso fosse reconhecido, as sérias deficiências referentes às bases, e aquelas falhas racionais, intelectuais e morais que confrontam os estudantes ponderados e imparciais do sistema cristão, seriam amplamente reconhecidas, e um passo adiante seria dado em direção à reabilitação, enquanto um todo vivo, da tão mutilada fé.

Quão pouco conhecem o Cristianismo aqueles que conhecem somente um Jesus histórico, e deixam de levar em conta o caminho de Buda, como uma escada que deve ser subida para que se alcance o estado de Jesus!” (Bertram McCrie. A Verdade Viva no Cristianismo, pp. 26-27)